Mais uma amiga minha ficou noiva.

E eu paro para pensar o quão diferente minha vida é da dela. Ou talvez o quão diferente minha vida está da dela.

Tenho uma irmã casada, um irmão bem-sucedido, amigas bem resolvidas... e é aí que começa a comparação.

É inevitável.

Passei o final de semana assistindo as finais do Roland Garros, e apenas um dos competidores em questão é mais velho que eu. Carlos Alcaraz, por exemplo, tem apenas 22 anos e já venceu o torneio (que é “só” um dos maiores do mundo) não uma, mas duas vezes.

Ok, é uma comparação um tanto quanto desleal, olhar para pessoas que despontaram em suas áreas de maneira tão gritante e querer se igualar a elas (nem todo mundo nasceu para ser o Cristiano Ronaldo), e isso até que conforta um pouco: a distância.

Agora, quando se trata de quem está ao seu lado, o buraco é mais embaixo e a ferida dói mais.

“Por que a Fulana já conheceu o amor da vida dela e eu não?”

“Por que a Ciclana está conseguindo seguir o sonho dela e eu não?”

“Por que minha carreira não deu certo como a da Beltrana?”

O problema é que não há resposta para essas perguntas. São daquelas que a gente pode ficar matutando sobre por horas que não vamos chegar a lugar algum. Com algumas pessoas funciona, com outras, não. Com algumas pessoas acontece mais cedo, com outras mais tarde. Com algumas pessoas simplesmente não acontece.

“Por que parece que todo mundo está tão bem menos eu?”

E aí está a palavra-chave: parece.

Enquanto todo mundo mostra só a parte boa de viver nas redes sociais e eu idealizo uma vida que provavelmente nunca vou ter, a realidade bate na porta de todos nós, fazendo com que um domingo em que se passam cinco horas assistindo a um jogo de tênis não pareça desperdício de vida, mas apenas uma pessoa caseira realizando uma atividade que a agrada.

Eu queria ser extraordinária... não fui eu mesma que escrevi um livro sobre a garota mais comum possível para poder dizer que qualquer vida é extraordinária? E, de todos os meus livros, este foi o que as pessoas mais gostaram (é “Carolina”, caso você esteja se perguntando).

Não vou deixar de me comparar com os outros (principalmente com meus irmãos e amigas), pois é inevitável, mas talvez eu devesse não deixar que isso estrague o meu dia (este texto é puramente uma autocrítica). 

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