Há poucas semanas, fui à palestra “Cura Pelo Afeto” do meu poeta favorito: Carpinejar.

            Ele falou sobre a importância de não permitir que ninguém se sinta invisível e de estar presente no momento, dando a devida importância a quem nós amamos e vivendo dos pequenos intervalos de tempo nos quais podemos estar juntos.

            Toda a apresentação foi enriquecedora, mas o que mais me chamou a atenção foi o final.

            Claro que eu já esperava que ele fosse autografar seus livros que estavam à venda no local (eu levei um de casa. Dois, na verdade, um de sua autoria, para ele assinar, e um de minha autoria, para dar a ele de presente), mas não sabia que ele fazia questão de dividir um momento significativo com cada uma das pessoas que se propusesse a isso.

            Ao final da palestra, ele disse que é poeta e escritor porque a profissão que realmente gostaria de ter não existe: a de abraçador. Carpinejar explicou que gostaria de abraçar cada uma das pessoas que estava dentro daquele teatro (caso fosse da vontade delas, claro) e também que, caso tivéssemos qualquer coisa ruim guardada conosco, que deixássemos com ele durante o abraço. Quase como um pai que gostaria de tomar para si as dores do filho.

            Não sei se essa ideia agrada muito, afinal, não quero que ninguém tenha que carregar os meus problemas, mas a ideia foi dele, não é mesmo?

            Por sorte, eu estava bem perto da escada que dava acesso ao palco, então, depois do pessoal mais velho (preferencial), fui uma das primeiras da fila. Fiquei nervosa, mas abracei o homem que me perguntou se estava tudo bem. Respondi: “acho que sim”, o que ele disse ser muito bom, com uma justificativa do tipo: as certezas nos prendem e as dúvidas nos dão mais possibilidades.

            Ele autografou o livro que eu tinha levado (uma obra pouco conhecida, que ele não divulga) com caneta vermelha (ao que protestei, já que sou gremista) e pediu que eu autografasse o presente que levei. Depois de falar que minha letra era pequena como a de Manoel de Barros, tiramos algumas fotos e me despedi.

            Fiquei nervosa diante de um de meus ídolos e reagi muito pouco, mas saí de lá com vontade de abraçar, não apenas as pessoas, mas os momentos de minha vida.

            Mudar a minha cabeça tem sido difícil, pois ando presa em um looping de pensamentos negativos, mas volta e meia me lembro da palavra ‘agir’, que ele tinha escrita em sua nuca, e sinto vontade de dar mais um passo para frente.

            Cada dia é um desafio: não deixar que ninguém passe despercebido e agir perante minhas dúvidas (geralmente busco conselhos de pessoas que considero terem mais discernimento).

            Não deixei meus problemas com ele, ainda tenho de enfrentá-los, mas o farei com toda a determinação que conseguir reunir.

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