Quando bate a crise, nada mais faz sentido.

Quando bate a crise, eu só quero me encolher e sumir.

Quando bate a crise, me sinto só e não me sinto o suficiente para sentir algo que não seja um sentimento ruim.

O mundo para, a dor se apossa.

Falo com minha mãe, ela chama meu pai, ele me acalma e eu finjo que está tudo bem.

Tomo um banho e vou dormir, porque é a única coisa que me faz achar que passou: ficar inconsciente.

Desisto de achar que alguma coisa vai fazer sentido, porque, nestes momentos, peço coisas das quais depois me envergonho, como para, por favor, nunca mais acordar. O motivo é simples: não sentir a dor, afinal, se eu continuar dormindo, ela não vai conseguir se apossar de mim.

Mas aí eu durmo demais e começo a ter aqueles sonhos desagradáveis, sem contar a paralisia do sono. Acordo com dor de cabeça e lembrando do que minha mente inventou: agulhas pelo meu corpo todo, brincadeiras com faca, cortes estranhos nas minhas coxas. Nada dói, é apenas agoniante, e acordo mais cansada do que fui dormir, mas com medo de voltar para esses sonhos desagradáveis.

Quando bate a crise eu choro sem motivo, porque raramente consigo identificar o gatilho e simplesmente fico à deriva, querendo entender o porquê da minha cabeça fazer isso com o meu coração.

Gritos silenciosos ou abafados pelo travesseiro, enquanto digo para mim mesma que vai passar.

“Mas eu tomei os remédios direitinho, nem estou de tpm e nada de ruim aconteceu. Por quê?”

Não tem motivo que faça sentido o suficiente para mim, é apenas a minha mente se manifestando mais do que deveria, fazendo de si mesma uma armadilha para que eu caia e fique envolta para sempre em sua teia de sensações ruins.

Compreendo tudo isso, faço um diagnóstico da situação e, ainda assim, não consigo fazer com que a emoção vá embora, afinal, não se manda nelas de maneira racional (se fosse racional, não se chamaria emocional).

É aí que entrego... entrego para Deus, entrego para o Universo, para o destino, para meu próprio corpo, que exale o que sente necessário, colocando tudo para fora, apenas deixando ser, de um jeito horrível, mas que é como é.

Esperançosa é a que acorda no dia seguinte, esperando que tenha tudo passado, mas nem sempre um novo dia é garantia.

Quando bate a crise, me bate por dentro, me vira do avesso e me paralisa.

Preciso de outro ponto de vista, que venha naturalmente, quando meu peito for capaz de se acalmar e meus olhos conseguirem secar.

 

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