Sobre esta garota eu nem tenho muito a dizer, mas vou tentar.

Ela se parece um pouco comigo, com a cabeça cheia de pensamentos e um pouco sem rumo, perguntando-se o que vai ser do amanhã.

Fiquei desesperada quando ela disse que ia desistir da escola, mas felizmente esta ideia só alugou sua mente por um tempinho.

Juntas, criamos uma rotina de estudos para ela, de acordo com suas necessidades e gostos pessoais.

Ela dividiu muito comigo: seu desânimo com relação à escola, suas brigas com o pai e com amigas, e também os dramas sobre aquele garoto que anda como pinguim e tem o dente torto a quem ela odeia que se refiram como ‘o garoto trans’.

Foi uma tarde esclarecedora.

Ela tem ansiedade diagnosticada.

Talvez ela se mude para a capital do estado, onde alguns parentes seus moram.

O pai não quer que ela faça terapia. Ao invés disso, diz que ela deveria tomar vergonha na cara.

Ela ama andar de skate e gosta de dormir à tarde. Foi apaixonada por um garoto e se arrependeu de ter namorado tão cedo na vida (achei maduro da parte dela).

Ela ficou triste porque fui embora, mas estava na minha hora.

Eu ficaria triste se a visse ir embora, pois ainda não chegou a hora dela.

Tímida, ela entra na sala e, vendo apenas crianças menores que ela, se sente um pouco acuada, mas decide ir em frente. E divide conosco. E divide comigo.

Sua vida.

Fiz um pequeno poema dedicado a ela:

“Ela me contou

E se sentiu mais leve

Ela me contou

Que se sentiu mais leve”

Senti que ajudei de alguma forma, e espero que tenha sido o caso. Não sei se fiz uma diferença muito significativa na vida desta jovem, mas espero que, por menor que possa ter sido, tenha sido positiva.

Quero vê-la bem. 

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