Fiquei doente umas semanas atrás.

Começou com uma febre que um Tylenol resolveu, então pensei que não havia de ser nada grave. Foi, passou, ok, deu.

À tarde me ouviram cantar e disseram: “tem bactéria aí”.

(Por que não fui ao médico neste dia?)

Fui trabalhar no dia seguinte e quase dormi ao volante umas três vezes no caminho. Depois, realmente dormi na minha mesa ao final o horário de almoço e, poucas horas depois, não aguentei, fui para casa, fazendo apenas uma parada para comprar um anti-inflamatório no caminho.

Minha garganta doía, mas o pior era a indisposição.

O cetoprofeno resolveu a dor na garganta provisoriamente, mas, com outra vez sem ir trabalhar e mais compromissos cancelados em um dia que tive febre novamente, fui forçada a encarar a verdade: eu não estava bem.

Finalmente fui ao médico (e cancelei mais alguns compromissos). O diagnóstico? Rinofaringite. O que era para ser apenas uma gripe inofensiva teve de ser tratado com antibiótico (pobre do meu estômago).

Logo estava me sentindo melhor, mas apenas fisicamente, porque não tirava da cabeça a semana anterior.

“Semana passada eu estava imprestável”, era o que eu dizia.

Não fiz exercícios, dormi mais do que o normal e não fui capaz de comparecer a praticamente nada (só de ter que ir ao veterinário comprar remédios para minha cachorra, já fiquei cansada).

A questão é que estava doente, com o corpo debilitado, e precisava parar para me recuperar. É simples assim. Então por que toda a cobrança de uma “semana perdida”?

Porque não fiz exercícios, dormi mais que o normal e não fui capaz de comparecer a praticamente nada. Não produzi nada, o que me parece errado, ou pelo menos faz com que eu me sinta errada.

A investigação do porquê eu deixo para as minhas sessões de terapia, mas trago uma mensagem bem simples: pare. Às vezes, é necessário. E, se você deve fazer o necessário para continuar seguindo, lembre-se: não há como seguir sem forças.

Agora me pergunto se eu deveria parar mais, para me sentir forte antes de tentar enfrentar o mundo, mas aí fugimos do propósito do texto.

Eu sei que você vai se cobrar, é inevitável, e não vou dizer que isso é ruim, porque você já sabe, mas peço que escute o seu corpo, ele tem mensagens valiosas a te passar.

“Você não pode mais que isso. Não force.”

E tudo bem. Respeite os seus limites.

Pare se for necessário e aproveite para refletir se está cuidando do seu templo na Terra tão bem quanto deveria (ou acha que deveria).

 

Basta

Já não suporto mais

Não aguentar a mim mesma

Viver no automático

Mas não sei como pôr um fim nisto

Já que desisti de desistir

E vou sobrevoando

Este terreno chamado vida

Enquanto procuro

A linha de partida

Que seu beijo

Me carregue

Para outras dimensões

E me faça sentir algo

Tenho esperanças na gente

No que posso ser ao teu lado

Mais séria, mais real

E tudo pode começar

Neste encontro de lábios

 

Já faz tempo que tenho escrito coisas que (acho que) fazem sentido.

Tratando tudo de maneira razoavelmente racional e levantando pontos e argumentos sobre o que é e o que pode ou não ser.

O problema é que não sinto isso.

Não sinto que algo faz sentido ou que possa ou não ser o que quer que seja. E esta frase não fez o mínimo sentido, o que quer dizer que combina com a bagunça que é a minha cabeça.

Tento me organizar e lembrar dos porquês. Mas faço isso por quê?

Não encontro respostas e fico repetidamente dando voltas e mais voltas nas lembranças e comparações entre memórias e desejos.

O que um dia sonhei, me escapou pelos dedos.

O que um dia temi virou a minha realidade.

Se eu contasse à pequena Cris o que estamos vivendo hoje, ela ficaria decepcionada.

“Eu esperava mais de você. Esperava mais de mim. Esperava mais da gente. Ou será que esperava mais da vida?”

Até que ponto isso é minha culpa? E até que ponto não é?

Ninguém vai saber me responder. E eu que sempre disse ser independente mas dependo de guia por causa de mania de grandeza que virou encolhimento entre as cobertas que me aquecem agora mesmo não faço ideia do que achar.

Esqueci de respirar nesta última frase.

Esqueci de dar uma pausa entre as palavras, mas é assim eu a minha cabeça funciona(va, hoje simplesmente não funciona de jeito nenhum).

Termino mais um dia sentindo que fiz menos do que deveria fazer.

Acabo mais uma jornada incerta sobre meu próprio caminho.

Reflito sobre o que minha vida virou. O que minha vida virou? Se é que em algum momento foi outra coisa. Se é que em algum momento eu simplesmente fui... eu?

Amo abrir parênteses dentro de textos, e o faço na vida também, com adendos e mais adendos, criando pequenos cenários de mínimas possibilidades que batem à porta da minha mente.

Parece que está todo mundo escrevendo livro (eu mesma tenho três guardados que ainda não foram publicados).

Todo mundo parece feliz. Todo mundo parece um milhão de coisas, mas não necessariamente é. Deveriam ser, é apenas a lógica, mas nada faz sentido.

 O mundo não me deve nada.

Na verdade, ninguém me deve nada.

(Ok, meus pais me devem certas condições, por terem me colocado no mundo, mas isso é um processo natural, não algo que eu cobre deles. Talvez nem devam mais, já estou velha para isso.)

E ninguém te deve nada. No máximo, respeito, mas ninguém vai te dar aquilo que você quer simplesmente porque você quer.

Isso é até meio óbvio. Não vai surgir uma pessoa aleatória que realize os seus sonhos para você, mas a gente também não pode querer cobrar do acaso/Universo/Deus (chame do que quiser).

Parece meio injusto que algumas pessoas consigam conquistar o que tanto almejam e outras não. Ninguém fica mais frustrada quanto eu em relação a isso, acredite, mas tento constantemente me lembrar de que o mundo não gira ao meu redor.

O texto anterior publicado neste blog falava sobre comparação (“por que ela conseguiu e eu não?”), e devaneava entre perguntas sem poder dar as respostas. Ainda não posso. Ainda não descobri os motivos.

Talvez porque não existam.

Uns acreditam que tudo está escrito certo (mesmo que por linhas tortas), outros que a vida não passa de uma obra do acaso. Eu sinceramente nem sei no que acredito, só estou tentando viver um dia após o outro e fazer o melhor que posso (mesmo que constantemente desmotivada).

Não quero mais tentar, porque isso não deu certo, aquilo fracassou e aquela outra coisa não saiu como planejado. Mas eu tenho escolha? Quem disse que eu tenho direito de viver como eu gostaria?

Eu poderia entrar em um debate, ou melhor, em um embate comigo mesma, falando sobre livre arbítrio e como a gente colhe o que planta, mas já cansei de discussões internas que não levam a lugar algum.

Eu queria tanto já estar com a vida resolvida, uma carreira bem-sucedida e em um relacionamento estável.

Não estou.

E de quem é a culpa?

Minha?

Há certas variáveis sobre as quais não tenho controle.

E quem sobra?

Os meus pais? As pessoas em geral? O mundo?

O mundo não me deve nada.