Acabei de ver um vídeo seu. O cabelo bem curtinho, tocando piano, daquele jeito engessado que você ficava quando treinava demais alguma coisa e mesmo assim errava.

Desci o feed até ver aquela época em que você era engajada com a sua rede social, era animada, destemida e se sentia confortável em postar tanta coisa. Você era diferente do que é hoje.

Claro que todo mundo muda, mas não tem nada de errado em um pouco de nostalgia, certo? Porque é disso que quero falar: sobre como sinto saudades de você.

Você continua linda, talvez até mais, mas perdeu muito.

Perdeu seu brilho, suas esperanças, aquela atitude divertida que fazia de você, você mesma. Hoje, só passa mensagens positivas nas quais nem acredita por obrigação. Naquela época você acreditava.

Acreditava, amava, sonhava. Quando foi a última vez que você se permitiu sonhar? Sem pressão ou o pé pessimista atrás, só imaginando como seria bom...

Eu gostava muito de você.

Talvez eu fosse a única que te amasse de verdade, mas eu amava, mesmo. Hoje não sei se te amo. Tenho minhas dúvidas. Às vezes sim, às vezes não. Talvez eu só te tolere.

Lembra de quando você passava horas no piano, se sentindo transportada? Treinando, criando, se deliciando entre notas e letras (algumas tristes, mas, mesmo assim, tão bonitas).

Ele me despertou este interesse. Ele, aquele instrumento que você deixou para trás, prometendo que um dia iria voltar a tocar, mas já faz quatro anos e nada dos teus dedos acariciarem aquelas teclas.

Você diz que não tem dom, que tem dificuldade, o que pode até ser verdade, mas não é desculpa para abandonar algo que te fazia tão feliz. Em que momento aquilo parou de te fazer feliz?

Você foi definhando aos poucos. Foi um processo horrível de acompanhar, e agora esta desse jeito: estranho, nem uma coisa e nem outra, sem se importar de verdade com nada, só sobrevivendo.

Seu rosto carregava sorrisos, hoje o peso da dor faz a boca cair para baixo. Não adianta perguntar o que aconteceu com você, a gente não sabe explicar muito bem. Foram tantas pequenas coisas. Algumas que sempre estiveram ali, outras que foram surgindo e te danificando ainda mais.

Eu só queria dizer que foi bom revisitar o que você já foi um dia, me encheu de esperança, mesmo que ela seja um pouco infundada.

Aquela você já existiu, então pode voltar a ser algum dia.

Algum dia. 

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