Há pouco tempo, lancei um EP com três músicas originais, para acompanhar a versão em inglês de meu livro “Cartas a um (des)conhecido”: “Letters To Somebody (I Used To Know)”.

            Entre as três canções, há “What It Is”, dedicada à segunda parte do livro (“A Quem Nem Me Conheceu”), na qual basicamente me apresento de uma forma bastante artística a quem possa interessar.

            Um dos versos desta música diz o seguinte: “I’m the romantic teen’s worst nightmare”. Traduzindo: “eu sou o pior pesadelo da adolescente romântica”.

            E por quê?

            Porque, uma adolescente romântica, como eu mesma fui, tem na sua cabeça que irá viver uma história memorável (de preferência envolvendo um romance e a realização de um sonho) até, no máximo, seus dezesseis anos. Ao mais tardar, com dezoito.

            Seres humanos que vivem histórias memoráveis, as quais podem ser contadas por anos, passam por estes momentos definitivos e se tornam novas pessoas. Geralmente saem disso tudo mais duros, assertivos e, principalmente, realizados, afinal, conseguiram o que tanto queriam (ou até mais que isso).

            Agora, o pior pesadelo de uma adolescente romântica, é chegar aos seus vinte e poucos sem ter vivido nada que considere memorável: sem ter uma linda história de amor para relembrar (quem sabe até continuar vivendo) ou algo marcante na vida (como algo decisivo que iniciou uma carreira ou alguma experiência definidora de identidade).

            Não é a toa que o verso que segue na música é: “a twentysomenthing who won´t dare to figure out what´s up with life”. Traduzindo: “uma pessoa nos seus vinte e poucos anos que não ousará descobrir o que há na vida”.

            Agora tire suas próprias conclusões.

            Vejo pessoas que estudaram comigo noivas ou já casadas com seus namorados de adolescência, e a comparação é a receita para a decepção comigo mesma, afinal, eu nem mesmo tive um namorado de adolescência.

             Estaria eu vivendo o meu maior pesadelo? Ou talvez apenas tendo a oportunidade de viver coisas memoráveis quando mais velha? Já que ainda não tenho a vida definida, como a maioria das pessoas com quem me comparo. É algo para se pensar. Talvez, ser realizada muito cedo seja uma prisão, pois não há mais nada a ser perseguido.

            Eu já estou mais perto dos trinta do que dos vinte, mas não é como se a vida acabasse aos trinta, não é mesmo?

            Aprendendo a olhar as coisas pelo lado bom, ponto para mim!

            Acho que fiz sentido mas, se não for o caso, nem vou tentar me explicar, pois, como eu mesma digo na música: “don’t try to get me, I’m too rare”. Traduzindo: “não tente me entender, sou rara demais”.

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