Como pode uma pessoa tão comunicativa ter tanto medo de gente?

            Sempre fui de falar muito, e isso inclusive já incomodou muita gente por aí, mas tenho ficado calada nos últimos tempos.

            Ansiedade social não é novidade (até escrevi um livro sobre uma criança nessas condições, se quiser saber mais, é só clicar em ‘Meus Livros’ aqui neste site), e por isso me encolhi e isolei com o passar do tempo.

            Mas esquecem de contar como isso adoece, afinal, o ser humano é um ser social e precisa de interação.

            Por que interagir tem que ser tão difícil?

            Sempre há um receio de dizer ou fazer a coisa errada e aí acabo desconfortável. A minha bateria social se esvai em minutos e, enquanto outros estão aproveitando as experiências enriquecedoras que trocas podem proporcionar, estou tremendo por dentro.

            Mas nunca tive dificuldades para me expressar em público. Chame de exibida ou qualquer coisa do tipo, mas eu sei falar relativamente bem.

            Assim, me encontro num limbo: falar é fácil, fazer uma troca é que não é.

            Talvez seja medo de julgamentos, pois posso ser bem sensível a críticas (li ontem que uma das poetisas que mais admiro ficou um tempo sem escrever por causa de críticas que a machucaram, o que me fez sentir um pouco mais humana nesse mundo de escritores); talvez seja trauma causado por rejeições passadas; talvez seja só o desejo desenfreado de pular a parte inicial de fazer social para poder ficar de fato confortável com alguém (coisa que leva tempo).

            Gostaria muito de saber se há pessoas assim como eu, pois sei que gente introvertida e tímida tem de monte, mas pessoas comunicativas que odeiam (ou melhor, têm medo) de interagir, nunca vi.

            Talvez eu seja uma peça rara (minha irmã sempre disse que sou meio estranha), e talvez este texto já esteja muito cheio da palavra ‘talvez’.

            Minha cabeça está constantemente povoada de suposições que me deixam intimidada, até mesmo sobre pessoas de meu convívio, o que parece tirar o espaço que informações úteis costumavam tomar.

            Eu não era assim quando criança, e crescer não era para ter sido tão difícil (já comentei sobre meu medo de crescer em outro texto e, quanto mais a idade avança, mais patética a situação vai ficando).

            Mas eu nunca gosto de terminar meus textos com a energia lá embaixo, então declaro que estou tentando (e não é mentira). Tem sido difícil e o coração parece que vai sair pela boca, mas ontem mesmo conversei com estranhos.

            Também já falei sobre precisarmos fazer as coisas que nos dão medo, então te convido a fazer o mesmo, se você é como eu que não se sente confortável com gente em geral: ouça alguém de verdade, para poder ter uma conversa enriquecedora e, quem sabe, uma troca que valha a pena.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário