Só a
palavra faculdade chega a me dar gatilhos, porque tive péssimas experiências
dentro da minha e demorei eras para me formar (ainda tem um probleminha nisso,
mas me reservo ao direito de não comentar).
Meu
curso de formação é Licenciatura em Letras Port/Ingl, mas antes disso passei
por Psicologia e Teatro (tudo a ver uma coisa com a outra né?).
A
verdade é que o teste vocacional que fiz no Ensino Médio teve como resultado o
curso de Publicidade e Propaganda, mas, por motivos que também prefiro não
comentar para não acabar pintando ninguém como malvado, não fiz.
Eu
sabia que era da área de Humanas, e fiquei entre os cursos mais tradicionais da
mesma: Psicologia e Direito. Com um interesse menor que zero na área jurídica,
acabei escolhendo Psicologia, por eliminação mesmo.
Passei
a primeira semana da faculdade chorando, sentindo que estava no lugar errado.
Depois, para piorar, o grupo de amigas em que eu estava inclusa começou a me
excluir (sim, existe bullying além do colégio, pessoal). Logo, depois do
primeiro semestre, tranquei o curso.
Nos
seis meses seguintes, fiz cursos e uma nova orientação profissional (mas um
processo completamente diferente do qual tinha feito no Ensino Médio) e,
ficando dentro das possibilidades da minha realidade, foi decidido que eu
ingressaria no curso de Teatro da mesma universidade em que comecei a cursar
Psicologia.
O
curioso é que, no primeiro dia de aula, quando me perguntaram qual era a minha
expectativa para o curso, minha resposta foi: “se eu não trancar o curso, já
está bom” (é aqui que rio para não chorar).
E
agora chegamos ao ponto principal deste texto, depois de tanta contextualização.
Os meses durante a faculdade de Psicologia e o momento entre esta e a de Teatro
foram extremamente difíceis (vou poupá-los dos detalhes, mais para não expor
minha intimidade mesmo), e eram raros os momentos em que um sorriso encontrava
meu rosto.
Chegando
na faculdade de Teatro, encontrei disciplinas que me empolgavam, e várias
pessoas (não todas) que também o faziam. 2018 foi um ano muito feliz.
Mas há
que não goste da gente e se incomode com a nossa felicidade (ou talvez eu só seja
bastante odiável).
Tagarela
eu sempre fui, desde criança. Falava alto, quase gritando (de família italiana,
sabe como é) e era uma menina risonha e animada. Acho que resgatei a minha
criança interior enquanto explorava minhas habilidades artísticas, e era sempre
espalhafatosa e vivia de boca aberta, fosse para falar ou para mostrar minhas
fileiras de dentes.
De
alguma forma, isso incomodava certas pessoas, as quais, talvez, não apreciassem
a felicidade alheia.
E eu
sabia disso.
Não me
incomodava. Eu só sabia apreciar minha própria alegria e queria dividi-la com
quem precisasse.
Era o
caso de um colega de apenas uma matéria, o qual cursava Publicidade e
Propaganda (que ironia hein). Ele andava faltando as aulas e não estava bem.
Um
dia, quando ele apareceu, pedi para conversarmos a sós, o que deixou a minha
amiga que me acompanhava um pouco incomodada. A conversa aconteceu, e foi
basicamente eu me colocando à disposição dele, pois já havia passado por uma
situação parecida (e não vou dar detalhes pois, até parece que vou expor o
cara, além de mim, claro).
Ele
agradeceu de modo genuíno e, quando voltei para perto de minha amiga, ela pediu
qual era o tópico da conversa.
Eu não
queria dizer, mas ela insistiu, então declarei que, por praticamente um ano, a
alegria tinha sido algo que eu só conseguia ver no semblante alheio e conquistá-la
novamente para mim tinha sido um marco.
Continuei,
falando que eu sabia da aversão que a maioria de meus colegas tinha à minha
expressividade, mas eu não me importava, porque, todo dia que eu sorria ou
tagarelava, era uma vitória pessoal, já que eu conhecera dias mais sombrios.
Ela
ficou admirada e foi assim que segui até o resto do ano: feliz e animada.
(Outro
dia conto para vocês sobre como depois deu tudo errado e fui parar no curso de
Letras à distância. Ou talvez não. Vamos deixar essa história ter o seu final
feliz)
Nenhum comentário:
Postar um comentário