Troquei de psiquiatra e ela
trocou os meus remédios.
Pela primeira vez, em anos, consegui passar um dia
inteiro acordada, sem sentir (muito) sono.
Já fazia sete anos que eu estava nesta vida de viver
cansada e agora é muito estranho viver todo o tempo que me resta.
Antes eu encaixava sonecas sempre que possível e ia para
a cama cedo, destruída, em dias apenas normais.
O final de semana então, era basicamente resumido em
dormir.
A depressão faz a pessoa querer dormir mais, aí tomamos
os antidepressivos e eles nos deixam mais cansados ainda (nunca entendi isso).
Eu dizia que amava dormir e que era uma preguiçosa, mas
com um sorriso amarela e uma mágoa interna por saber que aquilo não era meu de
verdade. Claro que gosto de dormir, como qualquer pessoa que precisa de
descanso, mas não posso viver para isso.
O que fiz da minha vida nos últimos sete anos? A maior
parte foi passada na cama.
Agora, tenho uma porção de tempo disponível, no qual
posso encaixar hobbies (coisa que não tenho faz tempo), atividades para
desenvolvimento pessoal e profissional e tempo de socialização.
O problema é que algo que é repetido várias vezes acaba
se tornando um hábito, então estou precisando reaprender a não passar o dia
esperando que o relógio dê nove horas (que é uma hora que já considero
aceitável para se deitar, ainda mais porque, em dias de semana, acordo às cinco
e pouco). Não sei mais o que fazer. Os livros e séries ainda não me prendem o
suficiente, perdi muitos amigos em função da minha falta de habilidade em
manter contato e não tenho muita força parar realizar atividades de
desenvolvimento.
Faço o que preciso (como escrever este exto) e depois
encaro a parede como que dizendo: e agora? Poderia cuidar de plantas, fazer
maquiagens, receitas, limpeza e até escrever um livro novo, mas não me sinto
preparada para isso, estranhamente.
Insiro um ‘ainda’ aqui, esperando que eu seja capaz de
conseguir voltar a ser multitarefas, que escreva mais por prazer e encare
diversas atividades como diversão, não como protocolo social ou deveres.
O bom de dormir é que posso ficar inconsciente, sem
refletir sobre essas coisas e me encontrar sem respostas. Ganhei muito tempo
para que minha mente fique maquinando à beça.
Gosto de estar desperta, e acredito que vou conseguir
transformar este tempo em algo bom e produtivo, assim que a disposição vier
junto (aqui o frio não ajuda), ou eu apenas me treinar o suficiente.
Agora vou tentar ler um pouco, sem parar para me
perguntar quanto falta para acabar o dia, e ver se consigo ficar imersa na
história.
São estas pequenas coisas que fazem falta.
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