Quando somos crianças...

         Quando somos crianças as pessoas perguntam o que queremos ser quando crescermos e, se dizemos algo como “princesa” ou “pirata”, tudo bem, afinal, somos crianças.

        Eu sei que não vou poder me tornar uma princesa do dia para a noite (a Mia Thermopolis nem existe), mas o fato é que nos tornamos seres um pouco pessimistas à medida que crescemos.

        Ok, ok, eu sei... é preciso ter os pés no chão. As fantasias de criança não passam disso: fantasias e, quando viramos adultos, a realidade não somente bate à porta, mas a soca e entra mesmo que não quisermos, em seguida esfregando-se em nossas caras.

        A equação não faz muito sentido para mim, mesmo que eu não consiga identificar o momento exato em que essa transição acontece, não entendo por que preservamos tanto a infância para depois jogar tudo para o alto ao fim da adolescência.

        Não deveríamos ser sinceros com as crianças desde o começo? Ou melhor, continuar incentivando os adultos? Claro que não podemos excluir as mazelas da realidade de nossas vidas, mas talvez possamos incentivar-nos mais.

        Tratar uma criança como adulto? Não. Tratar um adulto como criança tampouco parece bom...  como é que poderemos chegar em um equilíbrio no qual não ferimos a criança mas ainda injetamos o máximo de alegrias no adulto (sem nos tornarmos aquelas pessoas que podem ser definidas como positivamente tóxicas ou toxicamente positivas)?

        A resposta de algumas pessoas está na fé a de outros está em entorpecentes, e eu busco uma resposta mais racional, à qual eu possa dar nome, o que torna o processo muito mais difícil e demorado, mas posso dizer que o mais próximo dela é a terapia.

        Evitando ser testemunha de consultório, ou de qualquer outra coisa, afinal, cada processo é muito pessoal, aconselho você a simplesmente deixar a sua criança interior viver, mesmo que isso traga um pouco de birra, podemos controlar e esconder essa parte dos outros (afinal, roupa suja se lava em casa), mas permita-se sonhar mais.

        Você provavelmente não se tornará um pirata que irá encontrar um tesouro, mas, pelo caminho que escolher, ou que apenas se apresentar a você, permita-se almejar ser feliz.

        Uma carreira de sucesso? Ótimo! Uma família bem estruturada? Ótimo! Ir assistir ao jogo do seu time do coração no estádio? Também serve!

        Mantenha acesa a chama que, erroneamente, catalogamos como infantil, sempre tentando equilibrá-la com a gravidade que a idade adulta nos reserva, mas ainda podemos ser as princesas de nossos próprios reinos, isso eu garanto.

        Apesar dos pesares, dos dias ruins (nos quais você tem todo o direito de chorar e ter vontade de desistir) e da realidade sóbria e desencantada, acredite que os dias bons virão, e aproveite-os, pois, eles são um sonho realizado.

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