Infelizmente sou uma pessoa que teve várias crises existenciais na vida.

A primeira foi com seis anos.

Em determinado momento da minha vida, comecei a chorar por tudo. Tudo! Cheguei a chorar por sentir um pedaço de cenoura na massa da panqueca que minha mãe tinha feito para o almoço. Eu juro, era por cada coisa.

Fui sorteada para uma atividade na escola, na qual os coleguinhas deveriam preencher em seus cadernos alguns dados sobre mim, como por exemplo: livro favorito. Eu havia lido um livro muito legal na escola, chamado “Bicho Feio, Bicho Bonito”, e pedi para que escrevessem aquele título.

Em casa tínhamos um livro de Senninha, chamado “Senninha Em Dia De Mudança”. Depois de ler e reler a história várias vezes, cheguei à conclusão que aquele era o meu livro favorito, e então chorei lembrando da atividade da escola, na qual meus coleguinhas tinham escrito uma informação errônea sobre mim (pode rir agora). Fui para a escola no outro e minha mãe pediu para a professora pedir que todos trocassem, para que eu pudesse parar de chorar.

Houve outros momentos em que chorei por motivos mínimos, que, mesmo eu sendo uma criança, pareciam não ter sentido. Eu não parava, era uma torneira aberta e ninguém conseguia fechar, até que, um dia, a solução se apresentou.

Fui até uma loja com minha mãe e lá vi uma almofada cor de rosa da Moranguinho (minha personagem favorita em certa fase da minha infância). Implorei para que ela comprasse e mamãe disse que o faria, desde que eu parasse de chorar (não foi com essas palavras, mas foi basicamente isso). Prontamente aceitei e, pasme, funcionou. As crises acabaram (e eu tenho essa almofada até hoje).

Com doze anos tive crises existenciais pois ia mudar de cidade, e comecei a pensar que os episódios viriam de seis em seis anos, mas não tive que me preocupar com crises aos dezoito, pois elas vieram antes, aos dezessete, assim que ingressei na faculdade (em um curso que eu não queria fazer, diga-se de passagem).

Infelizmente não achei mais almofadas da Moranguinho que pudessem curar minhas crises que vieram desde então, estando com a alma ao léu e a mente vagando por entre falta de respostas.

Cheguei aos vinte e quatro (outro múltiplo de seis) e as crises foram muitas, mas queria passar pelos vinte e cinco sem ter de me preocupar com isso, ou pelo menos sendo curada por um objeto cor de rosa dado pela minha mãe de maneira tão simples.

Por enquanto o que me ajuda a entender e manejar tudo é a terapia, mas espero um dia conseguir ter equilíbrio o suficiente para eu mesma conseguir cuidar da minha alma e mente.

Por uma vida com cada vez menos crises.

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