Para hoje: prosa poética.

Para hoje: um comprimido e uma cápsula ao acordar; depois meio comprimido e 15 gotas antes de dormir

Já faz sete anos que meu corpo vem sendo alterado por diferentes químicos.

Eu troco de médico, eles trocam os remédios.

Eles vêm e vão.

O problema é que meu prazer se foi.

“Quando foi a última vez que você se sentiu animada de verdade?”

- Quando eu fui para a Disney.

“Que idade você tinha?”

- 17 anos.

Em um mês completo 25.

Algo que era para me ajudar está me atrapalhando.

Todas as bulas falam que causa apatia.

Mas sem pode ser pior, esse é o medo dos profissionais.

Não me empolgo, não tenho mais hobbies, não estudo, não me aprofundo, apenas sobrevivo.

Se estiver chovendo sorvete eu não vou ligar.

Apenas passando pelo que passa por mim.

Ela me receitou coisas novas, enquanto tentamos tirar as antigas.

O processo de desmame é complicado, tive crises ao tirar a medicação por completo, fui parar no hospital de novo.

O meu problema de viver está nessa falta de vida (ou melhor, de vivacidade).

Não vivo, sobrevivo.

Sem contar os tremeliques e ansiedade que são efeito colateral de um deles.

Estou cansada, mas continuo tentando.

Para hoje: só isso.

Para amanhã: um comprimido só (estou tomando o outro dia sim dia não antes de encapsularem a nova dose)

Pra daqui a alguns meses: vida! 

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