Você tirou tudo de mim: os meus amigos, os meus sorrisos, a minha vontade de viver.

            Nos últimos sete anos, tenho feito tudo a mando do cansaço, sendo breve em meus desempenhos e quaisquer atos para poder logo me esconder embaixo das cobertas, quem sabe cerrando os olhos para escapas de minha consciência.

            Hoje meus olhos não estão cheios de lágrimas, mas isto já foi rotina há um tempo, enquanto eu gritava e debatia meu rosto em busca de aliviar o sofrimento interno.

            Você veio correndo e se apossou da minha alma, como um ladrão de vida ou um possuidor de corpos. Não pediu permissão, não avisou que ia chegar, só veio e pronto... dias e dias questionando: por quê?

            Aquele clichê de: eu tenho uma vida perfeita (e eu tinha), o que causou isso aqui? Até hoje não sei, mas sei que eu tentei acabar com ela quando você acabou com a perfeição (limitada, mas mais que suficiente).

            Não fui capaz de te proibir de fazer qualquer coisa, pois, quando você chega, é você quem manda. As crises tomam conta de mim e não me deixam pensar em mais nada além de tudo o que está errado. Todo o sofrer que há no mundo se torna meu, e sei que não sou capaz de mudar nem um e nem outro, pelo menos não sozinha.

            Quero que saiba que eu não vou te deixar vencer. Já escolhi desistir diversas vezes, mas, por algum motivo, essa possibilidade não se concretizou, então hoje desisti de desistir. Mesmo que as coisas normais sejam mais difíceis para mim do que são para os outros, eu vou enfrentar uma por uma, traga crise ou não, as quais também vou enfrentar.

            Quando dói o peito ou quando o vazio se instaura, eu sinto que acabou para mim, que eu mesma estou acabada e quero arrancar os cabelos, a pele, os músculos e chegar até os ossos, até ser apenas um esqueleto sem expressão, nas mãos de outra pessoa se questionando: “ser ou não ser? Eis a questão”.

            Muita gente me atrapalhou durante este processo, mas muita gente também me ajudou (alguns até fizeram os dois) e eu vi que não estou sozinha nesta luta. Empunho todas as armas possíveis e, quando você está mais fraca, vou correndo apunhalá-la.

            Não faço questão de dedicar mais nada a você, pois os poemas e músicas que fiz pensando na sua consistência dentro de mim são incontáveis, mas sei que, quando precisar, vou fazer de novo, pois é escrevendo que melhor me expresso. Apesar disso, me recuso a agradecer-te pela inspiração. Preferiria ter passado anos sem escrever nada a te conhecer.

            Dramática e sofredora, peles que, para você, são atrativas e acolhedoras. Não é ainda que te expulso delas, pois não é fácil assim, mas mais uma vez te exorcizo, cada dia mais perto de me despedir, e encontrar o que realmente sou e tudo que posso ser.  

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