Apesar de não querer mais dormir o dia inteiro, ainda encontro dificuldades para preencher o meu dia. Agora, por exemplo, vou sair de casa em uma hora, mas já estou pronta e não sei o que fazer (por isso vim escrever).
Poderia ler um livro, assistir à televisão ou qualquer
coisa do tipo, que me entretece, mas, por algum motivo, não consigo me
concentrar. Permaneço a encarar o relógio e contar os minutos para que meu
compromisso comece.
Não pense que estou superanimada com o compromisso, não é
nada demais, é só um almoço (além disso, estou doente, então seria muito mais
cômodo ficar em casa deitada na cama), mas quero que comece logo para acabar
logo. Não que eu não goste das pessoas com quem vou almoçar, é só que tenho uma
ânsia pelo fim dos dias, sejam eles de semana, fins de semana ou feriados,
apenas esperando por algo... que não sei nomear.
Quero algo que vá me tocar profundamente, para dizer que
está tudo bem, que meus sonhos se realizaram, que estou curada, pronta e/ou bem
encaminhada. Quero notícias concretas que me façam pular da cadeira, mas sem
tremer ou ficar sem ar (porque odeio sentir essas coisas, mesmo que o impulso
seja positivo).
Percebi que tenho um certo medo do hoje, do que ele
significa. O presente é tudo que temos, pois no passado não se mexe e o futuro
é incerto, mas, como não sou capaz de me sentir feliz, fico querendo espantar
essa sensação de vazio (mesmo que seja bem menor que nos momentos de crise) e
de que estou fazendo tudo errado.
A resposta para isso? Ir dormir, ficar inconsciente e não
pensar em nada, mas, para isso, preciso que o dia acaba, para que eu tenha
permissão das convenções sociais e de minha própria autocobrança para me deitar
e acordar somente no dia seguinte.
Não canso de estar cansada (ainda mais agora, que meu
corpo está fraquejando), seja fisicamente ou emocionalmente.
Repito para mim mesma: “só quero que isso acabe”, sem nem
mesmo saber o que “isso” é. Seria a insegurança? A necessidade de validação? O
medo?
Já tive muito medo do futuro, mas ter medo do presente é
novidade. Ou melhor, tenho medo do meu desempenho no presente, e como este pode
afetar o meu futuro. Pronto, chegamos a um veredito: medo do futuro, e não
quero pensar nisso, então prefiro ir dormir, mas não posso agora, pois estou
com o rosto todo maquiado e vou sair de casa em quarenta minutos.
Achei que já tivesse superado isso, depois de todo o
tempo de terapia, mas a verdade é que nossos demônios sabem se esconder e fazer
parecer que foram embora, apenas para reaparecerem em um dia em que estamos um
pouco mais fracos e darem o bote.
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