Fui perdendo tudo aos poucos.
Aquela sensação gostosa de ver as folhas caindo com o
vento em uma tarde ensolarada enquanto seguro um livro em minhas mãos;
A felicidade ao ver minhas cachorras fazerem festa com a
minha chegada;
O transporte que apenas um universo fictício é capaz de
proporcionar;
Os meus sonhos...
Não sonho mais, pois não sinto mais.
Sabe como é não sentir nada de bom? Apenas tendo a
vontade de se encolher como companheira do seu cérebro, tirando dia após dia
para se permitir estar triste ao perceber que sua vida não é nada do que você
esperava?
Ainda se eu tivesse coisas para me consolar, como
vitórias para contar ou apenas a vontade de passar horas e horas com o nariz
enfiado em um livro, mas isso me abandonou, como todo o resto.
Vi minhas energias se esvaindo aos poucos, quando parei
de tocar piano, parei de cantar e parei de escrever (ok, é meio irônico dizer
isso enquanto escrevo, mas já escrevi muito mais e de uma maneira muito mais
espontânea antigamente).
Depois parei de gostar de comer e de sentir animação com
relação a meus próprios projetos. Coisas que deveriam ser básicas.
Tudo parece... nada.
Acabo me perguntando se há algo que valha à pena, e me
recuso a terminar o raciocínio, para não me sufocar nas únicas emoções fortes
que sou capaz de sentir.
Uma mistura de raiva, tristeza e indiferença tomam conta
de minha mente e coração.
O tempo passou e eu regredi na prática.
Volto à estaca zero e, desta vez, não trarei uma mensagem
de esperança e de possibilidades que espero conseguir agarrar de forma natural,
sem exigir tanto sofrimento, trago apenas o que sinto.
A postagem deveria estar em branco, já que não sinto
nada.
Ou talvez devesse conter um daqueles tornados cinzas que
eu adorava desenhar nas apostilas da escola quando era criança, já que, às
vezes, os sentimentos me invadem, mas nunca os bons.
Por fim, apenas desejo que isso nunca aconteça ao seu
coração, e que você possa evoluir como pessoa e profissional dia após dia, não
se encolhendo na sua própria ausência.
Não queira saber como é não sentir e sentir demais ao
mesmo tempo.
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